sábado, 18 de abril de 2009

É Apenas mais uma declaração de amor....

Já é de conhecimento de 90% dos que me "cercam" que sou pagador de pau oficial pela Nicole Kidman, sou de pegar fácil uma briga quando o nome dela está no meio e não me conformo enquanto não senti pessoalmente que a fiz como defendida por completo, mesmo que por vezes ao outro lado do debate pouco importe.
Mas então, nesse post nem venho com o intuito de defendê-la de algo, voltar aquele velho assunto de que contam que ela se perdeu nos ultimos anos, bater naquela tecla da ingratidão de alguns, do fato de nunca analisarem em um contexto seus trabalhos, não analisar por vezes suas atuações de forma isoladas, ver a capacidade dela de lutar contra roteiros que por vezes querem afunda-lá, mas que ela luta, não se entrega e sobrevive bravamente.
Pois bem, como disse não quero com esse post abordar esse assunto, mas sim como o próprio título já disse, fazer apenas mais uma declaração de amor; declaração de amor não como fã da mulher Nicole Kidman, mas sim como cinéfilo primeiramente, sim, pois me me peguei a Nicole primeiramente por seu lado atriz, pois até então não conhecia e nem me interessava o "lado real" por trás daquela atriz que via naqueles filmes que encantavam, instigavam, excitavam meu lado cinéfilo, só fui me interessar por tomar um conhecimento maior sobre quem era aquela mulher ao final da fase 2001-2004( Moulin Rouge a Dogville) quando ainda estava absorto com a qualidade de atriz que o cinema havia consolidado, que durante essa fase me mostrou os mais profundos, diversos e elaborados trabalhos que uma atriz poderia ter me apresentado.

Agora de tudo isso, e o ponto que quero chegar depois desse falatório todo, motivador desse meu post, é o fato da de Nicole ser visivelmente algo muito difícil de se encontrar hoje no chamado Cinema Hollywoodiano, uma atriz destemida e inquieta, que se joga fundo de cabeça naquilo que quer, sem se importar com que querem, pensam, esperam e opinam os outros , ela é ela e faz por ela.
Fui tomado novamente pelo êxtase que esse ponto da Nicole me provoca, porque recentemente foi anunciado um dos próximos projetos dela que é Rabbit Hole, um filme sobre um casal que tenta reconstruir sua vida pós morte trágica do seu filho de 4 anos. O filme será uma adpatação da peça homônima da Broadway, e será dirigido pelo John Cameron Mitchell, e ai é que está o ponto da questão, motivo de minha excitação. Quem é John Cameron Mitchell? Qual seu gabarito? Certeza que alguns o devem conheçe-lo de sua atividade de ator ou escritor de peças, porém para a grande maioria ele é desconhecido entre os desconhecidos, por ser um diretor iniciante no meio, com apenas 2 filmes na carreira("Hedwig - Rock, Amor e Traição" e “Shortbus” ambos muitos bem recebidos digasse de passagem), porém ele é total a linha Indie underground, logo meio que se justifica esse "desconhecimento" até então. Porém ai é que entra a Nicole na história; O que isso importa para ela? O que importa se ela vai deixar de fazer um trabalho de um grande diretor para se juntar e dar sua contribuição ao desconhecido John Cameron? Em que isso importa a ela na hora de dizer um sim a ele? O que interessa a ela se vai entrar em um projeto em que já sabe previamente que será mais uma daqueles pouco vistos em sua carreira? Só apenas por um determinado público específico?
De nada importa, e é isso que é grande nessa atriz, a ela pouco importa as proporções do projetos, pouco importa o gabarito dos envolvidos, pouco importa como será a recepção ao mesmo, ela que é viver aquilo no que acredita, ela que é arriscar, quer construir sua carreira em cima de certezas e incertezas.
Foi assim quando lá no ínicio de sua carreira colocou na cabeça que queria um papel no filme idependente Um Sonho sem limites do Gus Vant Sant, e já antecipando caracteristicas de sua personagem desejada, foi lá e conseguiu o que queria, provou para o Gus que era ela a mulher certa; foi assim quando aceitou se literalmente devassada pelo Kubrick em de Olhos bem fechados; Foi assim quando aceitou ser devastada pelo Lars Von Trier em Dogville; Foi assim já sobre inícios de cobranças, e expectativas de críticos, que ela virou a cara e foi fazer o que queria; Quis ir com o Robert Benton e seu Revelações, Frank Oz e seu Mulheres Perfeitas e Jonathan Glazer com o seu Reencarnação. Quando a coisa ja apertava para o seu lado, e alguns já a davam como perdida em sua carreira, o que ela fez? Foi partir para terreno seguro óbvio; Não!!! Se fosse assim não seria Nicole Kidman, ela continuou fazendo o que bem queria, e viveu A Feiticeira da Norah Ephron; sentiu anseio de viver as bizarrices da Diana Arbus em "A Pele" do Steven Shainberg e não pensou duas vezes em ser dirigida pelo Noam Baumbach em Margot e o Casamento.
Tudo feito ao seu modo, e atendendo aos implusos que ela como atriz sente, e no caso dela é ela mesmo, pois como já disse em entrevistas, na horas das escolhas é ela quem opta pelo que bem quer, nada de agentes para tomar suas decisões.
Seu estrelato mesmo chegou atráves de uma ato de extrema ousadia, pois quando O Musical era um gênero em ostracismo, que sobrevivia de apenas exemplares da era de ouro, ela aceitou embarcar em um projeto visionário de um tal de Mister Baz Lurhmann, a quem chama carinhosamente, que a propôs não só fazer um musical, mais sim um musical moderno, bem distante dos moldes dos musicais já consagrados, sem seguir fórmulas e rótulos, totalmente sec 21, quase uma reivenção do gênero. E ela ao ser apresentada ao tal de Moulin Rouge o que fez? Fugiu daquilo que tinha tudo para naufragar por ser arriscado por demais? Não, pelo contrário, disse sim sem nem pensar, e foi bem recompensada por isso.
É por essas é outras que a Nicole é de uma ousadia imensurável, como disse, algo com pouqíssimos pares no cinema hollywoodiano atual, podem fazer uma breve pesquisa e raros casos se encontrará de uma atriz que leve a sua carreira dessa forma tão destemida e desenfreada. Fazendo Justiça, Julianne Moore é a única atualmente que segue junto com ela nesse modo de conduzir a carreira, e por isso volta e meia paga na mesma moeda que a Nicole também paga.
Nicole vive entre erros e acertos, autos e baixos, críticas e elogios, amor e ódio, apreço e desprezo, mas tá sempre lá, pouco se importando, e atendendo somente aos anseios de sua natureza inquietante, inconfomista, sempre buscando se desafiar, doa a quem doer, importe a quem importar, lhe arranhe o quanto arranhar, tudo levado de acordo com a sua visão sobre Cinema, sua função e sua concepção.
Será que por levar sua carreira dessa forma ela não merecia créditos maior do lhe dão? Não merecia ser tratada de um forma melhor? Já não chegou em um estágio onde é inviável questionar seu talento? Ou será que ela deveria largar essa forma impensada de levar sua carreira? Pautar ela em algo mais seguro, sem correr esses riscos todos? Se apegar aqueles a quem ela tem certeza que lhe levarão ao ouro? Tenho certeza que Nicole tem todas essas respostas bem feitas na cabeça dela, eu tenho as minhas, todos devem ter suas respostas, porém não se faz necessário apresentá-las, na verdade podem até ignorar esse post, isso " É Apenas Mais uma Declaração de Amor".

"O certo é fazer um filme pelo que ele representa no conjunto de sua obra, e não pela forma como ele vai ser recebido. Alguns dos maiores artistas da história foram incompreendidos em sua época. A arte tem de provocar e incomodar. Ser rejeitado é até muito excitante."
(Nicole Kidman, 2005, em entrevista a revista Veja)

4 comentários:

  1. Nossa, não sabia que era o diretor de Shortbus!!!!!!! Caraca, vem filme-impacto por aí!!!!!!! Nicole há de brilhar!

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  2. muito lindo o texto

    é exatamente o que penso da Nicole, uma atriz extraordinária que não tem medo de inovar e arriscar e que mesmo nestas circunstâncias não dos deixa de brindar com atuações ótimas e inesquecíveis

    bela homenagem

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  3. Eu já até devo ter falado, Paulo, mas este texto foi a prova real: seu sentimento pela Nicole Kidman é uma das coisas mais sinceras que já vi de alguém no campo do Cinema. É muito bonito de ver ;)

    E essa filosofia da Kidman é, concordo contigo, muito válida. Uma posição admirável pois realmente temos que seguir nossos instintos e vontades, independente de fama e aceitamento da crítica, etc. É algo muito pessoal, e só ganha meu respeito por isso ;)

    Já te falei que passei a gostar ainda mais dela depois que te conheci, né? Hahahaha! Vc e seu poder manipulativo sobre as pessoas rs brinks! Pena que ela pulou fora do novo projeto do Woody Allen =/ , espero que tenha sido por algo melhor (e isso é difícil, vai)


    Parabéns pelo texto!
    Abraço, friendo!

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  4. Olá, Meu nome é Thays Py e trabalho na Agência de Comunicação Núcleo da Idéia.
    Gostaria de ter o seu e-mail para que possamos fazer contato para parceria.

    Desde já agradeço.

    Thays Py
    mkt7@nucleodaideia.com.br

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